sábado, agosto 31, 2013

A História de Silves em Medalhas - Cruz de Portugal


 
 
 
História de Silves - 8
Cruz de Portugal

Durante os finais do séc. XV e na primeira metade do séc. XVI, realizaram-se em Silves significativas campanhas de obras na Sé e edificaram-se as Igrejas da Misericórdia e de Nossa Senhora dos Mártires.
A Cruz de Portugal, é um importante cruzeiro, daquele período, esculpida em calcário branco e de estilo manuelino. Mostra, numa das faces, Cristo crucificado, e na outra, Cristo descido da cruz, nos braços da Virgem. A sua localização, à saída de Silves, indicava o caminho que, do então Reino do Algarve, seguia para Portugal. É Monumento Nacional desde 1910.
 
 
 

quinta-feira, agosto 29, 2013

Memórias do blogue (VI)



O desalento, em Omar Khayyam


Este texto foi antes publicado em 4 de Novembro de 2003.


Trovas do Desalento é o título de um dos capítulos do Robaiyat , de Omar Khayyam.



 


Condiscípulo de dois outros ilustres do seu tempo, Nizam-al-Mulk, que veio a ser o vizir do califa Malik-Shah, e Hassan Sabbah, o Velho da Montanha, fundador da seita dos assassinos, que comandava a partir da inexpugnável fortaleza de Alamut.

 
Omar, considerado um dos maiores sábios da sua época, matemático e astrónomo reconhecido, a quem o califa entregara a responsabilidade do Observatório Astronómico de Merv, entrou em profundo desalento após o morte do seu amigo vizir, a mando do seu outro amigo, Hassan.
 
É esse desalento niilista, que vos trago hoje nestas duas quadras:
 
 


  • Eu sei que os dias da vida
    passam velozes, ligeiros
    como o tufão do deserto,
    como as águas dos ribeiros.








  • Mas dois há aos quais dedico
    a indiferença mais chã:
    aquele que passou ontem
    e o que há de vir amanhã.





segunda-feira, agosto 26, 2013

Brincar às escondidas




Esta foto foi batida num final de tarde, em Cacela-a-Velha.



O sol gosta de brincar às escondidas, expondo-se vivamente em muros caiados de cal ou usando os obstáculos que não consegue ultrapassar, projetando sombras.

Os meus dias também brincam assim comigo, quando me proporcionam manhãs, tardes e noites agradáveis ou se me interpõem obstáculos que me atrapalham o caminho.

Viver, é assim um pouco como brincar às escondidas.




sábado, agosto 24, 2013

A História de Silves em Medalhas - Ponte Velha


 
 
 
História de Silves - 7
Ponte Velha

A importância de Silves capital do Algarve, como centro político-religioso e económico, mantém-se durante os séculos XIV e XV.
A Ponte Velha sobre o rio Arade, permitindo às populações da zona um mais fácil relacionamento, estava concluída em 1473, conforme nesta data é referido pelos representantes de Silves nas Cortes. Este monumento é ainda mencionado no Livro do Almoxarifado da cidade, provavelmente de 1474.
No século XVIII construiu-se o bonito palácio que ainda hoje se observa frente à ponte.
 
 
 

quinta-feira, agosto 22, 2013

Património Silvense (VI)



A Sé Catedral de Silves






Quando, em 1248, D. Paio Peres Correia, ao serviço da ordem castelhana de Calatrava, conquista Silves, que estava sob o domínio de Niebla e de Ibn Mahfot, seu último rei, gerou-se uma certa disputa entre Afonso III de Portugal e Afonso X de Castela sobre quem era o senhor de Silves e do Algarve.

Conta-se até um  episódio, com alguma graça: Afonso X, avô de Dinis por parte de sua mãe, Beatriz de Castela, sentou o neto ao colo, durante uma visita do menino, e perguntou-lhe que quereria ele do seu avô, ao que Dinis lhe terá respondido:
- Quero Silves, avozinho!

O facto é que este conflito sobre o domínio do Algarve estava resolvido ao tempo de D. Dinis.

Deve ter sido no reinado de D. Dinis que se avançou em força para a construção da Sé.

Refere o Dr. Manuel Ramos: Foi talvez D. Dinis o rei que maior influência teve na sua obra, isto a dar fé a uma lápida encontrada referindo Domingos Joanes falecido em 1280 como seu primeiro mestre de obras e a visita do rei a Silves em 1282.

A obra prolongou-se no tempo e só deve ter terminado no séc. XV, quando da visita de D. Afonso V a Silves, para se inteirar das obras da Sé e da Ponte.

Irei prosseguir de acordo com o texto de Dr. Manuel Ramos, escrito para figurar em quiosques multimédia, há cerca de duas décadas, e que integrou depois o "Guia da Cidade de Silves", página na Internet.




Trata-se duma igreja de planta em cruz latina, da qual se destaca a bela abside em grés vermelho, de três capelas. Esta, pode ter tido início ainda no séc. XIII-XIV, mas são do séc. XV a maioria dos seus pormenores, seja no exterior (marcas de canteiro, por exemplo) como no interior (bocetes de abóbada com o escudo real da Dinastia de Avis).









  
Exterior da abside
Bocete de abóbada


É também do séc. XV parte da fachada principal desta antiga Sé.

A torre alta e o remate em volutas, no Sul de Portugal caiadas de cor, emprestam-lhe a alegria curvilínea da arte Setecentista que faltava à estrutura da fachada tripartida própria do gótico mendicante português.



O pórtico de alvenaria de pedra clara apresenta desenho muito clássico no gótico nacional e, no Algarve em particular, assim incorporado num alfiz (moldura em pedra em que se encaixa todo o portal, com tradições românicas e mesmo muçulmanas).



















Mas quem reparar cuidadosamente no magnífico friso esculpido na última arquivolta ou nos motivos decorativos dos capitéis, não poderá deixar de reconhecer o trabalho do pórtico da Matriz de Portimão executado depois deste pelos mesmos canteiros, por volta de 1476.
















Ainda no exterior, hoje a porta lateral sul pela qual se tem acesso ao templo, uma porta rococó pós-terramoto datada de 1781.















No interior a variedade estilística mantém-se, refletindo as então duas tendências dominantes na arquitetura nacional. A cabeceira de três naves e o transepto são abobadados e a sua decoração aproxima-se dos exemplos que chegavam das obras do Mosteiro da Batalha.













Nas naves, nas quais se desistiu do abobadamento, dominam os sóbrios pilares otogonais, exemplares dum gosto mais simples de raiz mediterrânica, presente na Igreja de Santiago em Palmela.

 
Nas paredes das naves laterais, capelas de decoração em talha barroca.



 
Também iniciada com a dinastia de Avis foi a moda da construção de capelas-funerárias.

Na Sé, à parte a cripta ainda por abrir, existe, no mais simples gótico de abóbada de ogivas cruzadas, uma pequena capela, dos Regos, onde repousam os túmulos de Gastão da Ilha e João do Rego, altos funcionários da administração silvense de Quatrocentos.

Túmulos de bispos e alguns outros notáveis de Silves repousam pelas paredes e chão das naves. No altar-mor , ao centro, a pedra tumular do rei D. João II que aqui sepultado em 1495, foi depois transladado para o Mosteiro da Batalha.












Igreja dedicada a Nª Sª da Conceição, possui desta uma belíssima imagem gótica, ao centro da capela-mor.
 
 
 
 
 
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Edições anteriores:

Património silvense (I)  - Claustro interior nos Paços do Concelho

Património silvense (II) - Igreja da Misericórdia

Património silvense (III) - Arte Nova em Silves

Património silvense (IV) - O Palácio Grade

Património silvense (V) - Cruz de Portugal
 

segunda-feira, agosto 19, 2013

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (VI)

























Esta foto é meramente decorativa e serve à evocação desta período (séc. XI) que aqui vimos a abordar. Foi batida em Mértola.



Por esta época da conquista de Silves por Al-Mu'tadid Ibn Abbad, rei de Sevilha, vivia em Silves um talentoso rapaz, natural de Sanbras, (atual São Brás de Alportel) no termo de Silves, que tinha efetuado estudos em Córdova e que suscitou a curiosidade do rei, reconhecendo nele  dotes de poeta, de guerreiro e de diplomata - Abu Bakr Muhammad Ibn 'Ammar.

Al-Mu'tadid encarregou-o do comando das tropas que tomaram Santa Maria (Faro, atualmente) e a conquistaram em 1052.

É de Ibn 'Ammar e dedicado ao rei, muito provavelmente como agradecimento pela sua nomeação como "Comandante da Cavalaria do Gharb", este poema que passo a transcrever, numa tradução para português de Adalberto Alves, no seu livro "O meu coração é árabe".




     Mais uma rodada copeiro,
     Que já se ergue a aragem da manhã
     E a estrela de alva
     Desviou a rota da noite viageira.

     A alvorada trouxe-nos brancura de cânfora
     Assim que a noite reclamou seu negro âmbar.

     O jardim parece uma donzela vestida com a túnica
     Bordada a flores e adornada com pérolas de orvalho
     Ou então, jovem ruborizado de pudor
     De rosas, alentado com a sombra do mirto.

     E esse jardim,
               Onde o rio lembra branca mão
               Pousada sobre um tecido verde,
     Mostra-se agitado pela brisa:
               Dir-se-ia, meu rei,
               A tua espada desbaratando exércitos.
     Meu Senhor!
               Verde brilhante são os favores da tua mão
               Quando os céus se turvam de cinzento.
               Teu dom é sempre generoso:
               Se virgens dás têm seios opulentos
               Se cavalos são de nobre raça
               Se alfanges têm pedras preciosas.
     Meu rei!
               Quando os demais reis se dessedentam
               Esperam que ergas primeiro a tua taça.
               És mais refrescante para os corações
               Que o orvalho que se vai formando gota a gota
               E mais brilhante para os olhos
               Que o doce peso do sono.
               Faz faiscar a chispa da tua glória
               Que não deixa nunca o fragor da lide
               Se não para se abeirar do lume
               Que mandaste acender para os teus hóspedes.
     Rei!
               Esplêndido no talhe e no espírito,
               Como o jardim, belo de perto e à distância.
               Quando a teu lado me é servido
               O rio celestial que mana do teu ser
               É bem certo que estou no Paraíso.

               Fizeste pender da tua lança
               As cabeças dos reis teus inimigos
               Só porque o ramo agrada
               na impaciência da flor?

               Tingiste a tua corta com sangue de heróis
               Só porque a formosa se enfeita de vermelho?
               A espada, se a tua mão lhe serve de tribuna,
               Dá lugar a súplicas mais eloquentes
               Que as do melhor dos oradores quando prega.

     Este poema é para ti,
               Como um jardim que a brisa visitou
               Sobre o qual repousou o orvalho da noite
               Até que o ataviou de flores.
               Do teu nome fiz-lhe uma veste de ouro.
               Com o teu louvor derramei o melhor almíscar.
               Quem me suplantará? Se o teu apoio é sândalo
               Eu o queimei no fogo do meu génio
               Quando as brasas ainda estavam a arder.
               O orgulho no amor - temei-o - é a sua vergonha
               Mas o prazer - aproveita-o - é o seu ardor.
               Não peças à paixão que te dê domínio
               Prefere ser escravo, nas suas mãos é que tu és livre!
               Vós me dissestes: O amor prejudicou-te.
               Eu respondi: Quem dera me tivesse feito mal.
               É que meu coração escolheu doença para o corpo
               Como forma própria de o adornar.
               Deixai-o, pois, fazer a sua escolha
               E não me critiqueis por estar emagrecido:
               Não está a excelência de uma adaga
               Precisamente na finura do seu gume?
               Troçastes porque me deixou minha amada?
               Quanto fim do mês oculta o crescente que vai vir!
               Julgais que o fogo do esquecimento me consolará
               Ou um profundo sono chegará depois?
               Mas ó coração, guerreiro da dor, se não sofresses mais
               Como te acudiria o socorro das lágrimas?



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Garcia Domingues, História Luso-Árabe, edição do Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves, 2010
António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, vol. 2 - Editorial Caminho
Adalberto Alves, O meu Coração é Árabe, Assírio & Alvim

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Se estiver interessado na leitura dos episódios anteriores, siga os links abaixo:

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (I)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (II)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (III)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (IV)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (V)




sábado, agosto 17, 2013

A História de Silves em Medalhas - Os Portugueses


 
 
 
 
História de Silves - 6
Os Portugueses

Portugueses e Cruzados, sob o comando de D. Sancho I, tomaram Silves no dia 3 de Setembro de 1189. A cidade caiu, novamente, em poder dos Almoadas, em 1191, sendo reconquistada em 1248, graças à ação de D. Paio Peres Correia.
Os inícios de edificação da Sé, poderá remontar aos finais do séc. XIII ou aos inícios do séc. XIV e, segundo a tradição ocupa o local onde se erguia a Mesquita Maior. É um amplo templo com três naves, de estilo gótico, reedificado em meados do séc. XV, mas com campanhas de obras do reinado de D. Manuel e posteriores. Ali se guarda a sepultura onde, durante quatro anos, repousou o corpo de D. João II, assim como túmulos dos seus bispos.
 
 
 

quinta-feira, agosto 15, 2013

Memórias do blogue (V)


Este texto já antes tinha sido publicado em 29 de Outubro de 2003.


O mar, em Sophia de Mello Breyner
Secundando A aba de Heisenberg e a sua bela homenagem a Sophia de Mello Breyner Andresen, por ocasião da atribuição do Prémio Rainha Sofia, com uma transcrição de um excerto do conto A Menina do Mar, vou também eu trazer-vos um poema, sobre o mar:

O mar, em Quarteira, num fim de tarde de Outono, © António Baeta Oliveira
                                                                          A foto é de minha autoria. 



  • MAR

    De todos os cantos do mundo
    Amo com um amor mais forte e mais profundo
    Aquela praia extasiada e nua,
    Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.


ANDRESEN, Sophia de Melo Breyner
MAR, poesia
Editorial Caminho, Lisboa 2001
 
 
 

segunda-feira, agosto 12, 2013

Reflexos de mim






Estou preso num sonho de viagem
sem um sobressalto que me desperte.

Quero libertar-me do sonho
que me prende
mas permanecer na viagem
que me liberta.


sábado, agosto 10, 2013

A História de Silves em Medalhas - Os Muçulmanos (II)



 
 
 
 
 
História de Silves - 5
Os Muçulmanos

Ei, Abu Bacre, saúda os meus amigos em Silves e pergunta-lhes se, como penso, ainda se recordam de mim. Saúda o Palácio das Varandas da parte de um donzel que sente perpétua saudade daquele alcácer. Quantas noites passei, deliciosamente junto a um recôncavo do rio com uma donzela cuja pulseira rivalizava com a curva da corrente. O tempo passava e ela servia-me a bebida do seu olhar e outras vezes a do seu copo e outras a da sua boca. As cordas do seu alaúde feridas pelo plectro estremeciam-me como se ouvisse a melodia das espadas nos tendões do peito inimigo. Ao retirar o seu manto, descobriu o talhe, florescente ramo de salgueiro, como se abre o botão para mostrar a flor.
 
 
 

sexta-feira, agosto 09, 2013

Feira Medieval de Silves - Acampamento Militar (II)




Dando continuidade à coleção de fotos que bati por ocasião da Feira Medieval, edição de 2013, junto do acampamento militar na Praça de Al-Mu'tamid...



... debruço-me hoje sobre uma característica desta civilização de base islâmica, que dominou a nossa região entre os sécs. VIII e XIII.

Trata-se da atenção à fruição dos sentidos, através da expressão artística.

Todos sabemos do seu gosto particular pela poesia, mas quero mostrar-vos o bom gosto de que se fazem rodear, mesmo quando, em campanha, se deveriam desfazer do supérfluo e o quanto desse supérfluo é tão essencial no dia a dia.










 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


quinta-feira, agosto 08, 2013

Feira Medieval de Silves - Acampamento militar




A instalação dos figurantes durante o período da Feira Medieval de Silves conduziu à utilização da Praça de Al-Mu'tamid como um acampamento militar.



O que vos quero mostrar são algumas fotos, que achei curiosas, com armamento e outros utensílios ao serviço de uma deslocação castrense.

Espero que seja do vosso agrado e, se entretanto vierdes a Silves, sugiro uma passagem pelo local.





















 
 


segunda-feira, agosto 05, 2013

Silves, em Almeida Garrett




                                                                                                                         Almeida Garrett


Este texto já tinha sido publicado neste blogue em 7 de Junho de 2004, mas pareceu-me bem recordá-lo agora no decurso da Feira Medieval de Silves, já na sua 10ª edição.

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Folheando a História Luso-Árabe, de Garcia Domingues, de Silves, numa edição da Empresa Editora Pro Domo, Limitada, Lisboa 1945, decidi revelar-vos alguns trechos de Dona Branca, de Almeida Garrett, a cujo poema é possível aceder através do primeiro dos links que coloquei atrás, num excelente serviço que nos é prestado pela Biblioteca Nacional Digital, da Biblioteca Nacional.

O poema, que tem o subtítulo A Conquista do Algarve, fala dos lendários amores de Ibn Mahfot (Aben-Afan), último dos reis árabes de Silves, por Dona Branca, filha de D. Afonso III.
Um primeiro trecho (ortografia da época), onde Garrett nos traça o perfil de Aben-Afan:
  • (...)
    Quem é êste inimigo generoso,
    Que alma tão nobre em peito infiel encerra?
    Quem é êste guerreiro muçulmano,
    Que tão gentil, tão majestoso brilha
    Nas picturescas árabes alfaias
    Que o talhe heróico, o altivo porte, a graça,
    Esbelta, de marcial beleza arreiam?
    (...)

Ainda um outro excerto (ortografia da época), onde Garrett descreve a conquista de Silves:
  • (...)
    Ai de ti, Silves, de tuas nobres tôrres,
    Teu alcácer tão forte! Quem resiste
    Às espadas terríveis de Santiago?
    Já derredor dos muros, que de lanças,
    De frechas, de bèsteiros se coroam,
    Suas tendas assentou, suas azes(1) posta
    O invencível mestre. Já trabucos
    Assestam, catapultas vêm de rôjo,
    Máquinas, ígneas tôrres; e se dobram
    Acobertados couros, protectores
    De escaladas e assaltos. Mas de dentro
    Dos muros os cercados se apercebem
    Para a defesa: ardentes alcanzias(2),
    Duros cantos, ferradas longas varas
    Que os incendiários fachos arremessam
    Às inimigas fábricas. Redobra
    Coragem em uns e noutros o perigo
    Pregam no campo frades indulgências,
    Na cidade os imãs novas promessas
    Fazem de huris(3) e paraísos: folga
    Entanto a morte, e para a ceifa crua
    C'o um pérfido sorriso a fouce afia.
    (...)

Notas:
(1) Az, s.f. (do lat. acie-). (...) || Arraial, acampamento. || (...), in Grande Dicionário da Língua Portuguesa, José Pedro Machado, Tomo II, Amigos do Livro e Sociedade de Língua Portuguesa
(2) Alcanzia, s.f. (do ar. al-kanzia). (...) || Panela de barro, que continha matéria explosiva e se usava nas guerras antigas. || (...), in Grande Dicionário da Língua Portuguesa, José Pedro Machado, Tomo I, Amigos do Livro e Sociedade de Língua Portuguesa
(3) Huri, s.f. (do fr. houri). No paraíso de Mafoma, mulher formosa, de natureza angélica e dispondo de eterna juventude e beleza, que Mafoma prometera como recompensa aos seus fiéis, quando alcançassem a bem-aventurança., in Grande Dicionário da LínguaPortuguesa, José Pedro Machado, Tomo VI, Amigos do Livro e Sociedade de Língua Portuguesa


 

sábado, agosto 03, 2013

A História de Silves em Medalhas - Os Muçulmanos






História de Silves - 4
Os Muçulmanos

Em 713 a Cidade de Silves foi integrada no mundo muçulmano e a partir de 929 foi incluída no Califado de Abd Ar-Rahman III, sendo então uma cidade próspera. Posteriormente, sob o governo de Al-Mutamide e numa época de grande esplendor cultural, dominou o Algarve.

Os Almorávidas tomam Silves, em 1091, tendo-se tornado um reino independente, sob a égide de Ibn Qasi, até à conquista Almoada (1156). A este último período pertence um bom número de monumentos, tal como as fortes muralhas da Alcáçova e da Medina, com as suas torres albarrãs e portas, o poço-cisterna, o grande depósito de água e as ruínas do palácio ainda existentes no Castelo.
 
 

quinta-feira, agosto 01, 2013

X Edição da Feira Medieval de Silves







Amanhã, 2 de Agosto, terá início a 10ª edição da Feira Medieval de Silves, que irá decorrer até dia 11 (Domingo).

Bem-vindo a Silves!


Clique aqui para aceder a um vídeo promocional.