segunda-feira, julho 09, 2012

Um poema a cada segunda-feira (LXXXVI)



O Público divulgou, há alguns anos, uma série de antologias de poesia que encomendara a certas personalidades da vida portuguesa não diretamente relacionadas com a literatura.

É desse manancial que esta rubrica se irá sustentar por algum tempo, confinando-se as minhas escolhas às opções dessa personalidades e a poetas que viveram, ou ainda vivem, sob o bafo civilizacional do séc. XXI.

A primeira vaga proveio da safra de Mário Soares, a que se seguiram Miguel Veiga, Diogo Freitas do Amaral e Urbano Tavares Rodrigues.
Irei terminar com Marcelo Rebelo de Sousa.


  • AS FACAS

Quatro letras nos matam quatro facas
que no corpo me gravam o teu nome.
Quatro facas amor com que me matas
sem que eu mate esta sede e esta fome.


Este amor é de guerra. (De arma branca).
Amando ataco amando contra -atacas
este amor é de sangue que não estanca.
Quatro letras nos matam quatro facas.


Armado estou de amor. E desarmado.
Morro assaltando morro se me assaltas.
E em cada assalto sou assassinado.


Quatro letras amor com que me matas.
E as facas ferem mais quando me faltas.
Quatro letras nos matam quatro facas.




Manuel Alegre
Os poemas da minha vida
Marcelo Rebelo de Sousa
Público, Lisboa 2005

Siga-me no twitter
e/ou
Divulgue esta página com um

Sem comentários: