segunda-feira, julho 25, 2011

Um poema a cada segunda-feira (XXXVI)



Quando das comemorações do Dia Mundial da Poesia, Paulo Pires, Técnico Superior da Biblioteca Municipal de Silves, compilou uma antologia que intitulou POESIA 21, porque se refere a 21 poetas e ao dia 21 de Março.
São trabalhos desses 21 poetas, gente que se vem afirmando no nosso mundo literário, que aqui estou a incluir desde a XX edição.



  • *

Foi a noite em que provámos as plantas da loucura.
O visitante bebia água no tanque e molhava a
fronte à passagem da coruja.
Disse que subiriam como névoa pelos braços quentes
as canções de outras línguas que cantámos.
Tão lentas eram que inclinavam ao
relento, tal a brisa do tanque por detrás da roupa.
Toda a memória havia passado em um corpo estranho,
nunca os olhos ficaram tão vagos antes de sorrirmos.

Quando partiu o
visitante deixou o último recado distribuído nos beirais.
Não provocou rasto nas veredas e nos remoinhos de água
mas dizem que aparece soterrado pela noite.
E ao amanhecer, sem que os galos já cantassem, descobrimos
uma a uma nos beirais as
flores do esquecimento.


Rui Coias
A Função do Geógrafo
Quasi, Vila Nova de Famalicão, 2000
A Ordem do Mundo
Quasi, Vila Nova de Famalicão, 2005
Poesia 21
Parceria Biblioteca Municipal de Silves / Escola Secundária de Silves

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quarta-feira, julho 20, 2011

De regresso a casa



(Foto com o telemóvel, em Cacela, da fortaleza sobre a ria e o mar)

 

Durante o regresso do "Poesia na Rua", em Cacela, sintonizado na Antena 2, com um fundo musical que me pareceu de Débussy, uma voz de mulher surpreendeu-me pela semelhança com o timbre da voz da minha boa amiga Elsa Viegas e dizia:

    "O amor deve ser, talvez, não sei, o que nos provoca comoção e exultação.
    Talvez, não sei."

Soube, no final, que se tratava de Graça Lobo, a responsável pelo programa.

De Cacela, regressei trazendo novas amizades e novas experiências. Enriqueci.


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segunda-feira, julho 18, 2011

Um poema a cada segunda-feira (XXXV)



Quando das comemorações do Dia Mundial da Poesia, Paulo Pires, Técnico Superior da Biblioteca Municipal de Silves, compilou uma antologia que intitulou POESIA 21, porque se refere a 21 poetas e ao dia 21 de Março.
São trabalhos desses 21 poetas, gente que se vem afirmando no nosso mundo literário, que aqui estou a incluir desde a XX edição.



  • LOJA DO CIDADÃO

Em fila, quase divertidos, os cidadãos
limpam os polegares negros com lenços
de papel e suspeitam que o homem
da medição lhes roubou centímetros.
Revêem as fotografias pequenas
que sobraram e comparam-nas
com o cartão caduco. Alguns planeiam
perguntar ao empregado calvo
do guichet metafísico: com o bilhete
podemos renovar também a identidade?


Pedro Mexia
Avalanche
Quasi, Vila Nova de Famalicão, 2001
Eliot e Outras Observações
Gótica, Lisboa 2003
Vida Oculta
Relógio d'Água, Lisboa 2004
Senhor Fantasma
Oceanos, Lisboa 2007
Poesia 21
Parceria Biblioteca Municipal de Silves / Escola Secundária de Silves

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quarta-feira, julho 13, 2011

Poesia na Rua, em Cacela



(ao clicar no cartaz terá acesso a uma cópia ampliada)

Dias 15 e 16 (sexta e sábado) andarei por Cacela a escutar, a declamar e a conversar sobre POESIA, na rua.

O programa é vasto e intenso e é possível aceder-lhe clicando aqui (duas páginas em formato pdf).

Esta será a 2ª edição desta iniciativa da Câmara Municipal de Vila Real de Sto. António, que o ano passado excedeu as melhores expetativas.

Aqui vos deixo o desafio.

Até lá!



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segunda-feira, julho 11, 2011

Um poema a cada segunda-feira (XXXIV)



Quando das comemorações do Dia Mundial da Poesia, Paulo Pires, Técnico Superior da Biblioteca Municipal de Silves, compilou uma antologia que intitulou POESIA 21, porque se refere a 21 poetas e ao dia 21 de Março.
São trabalhos desses 21 poetas, gente que se vem afirmando no nosso mundo literário, que aqui estou a incluir desde a XX edição.



  • *

aqui
onde a toda a gente é permitido
viver para sempre
o ar desliga-se do som
numa nébula esverdeada
cores de gritos amanhecem nas paredes
e os passos da multidão da visita
deixam pegadas de nuvem no soalho
só no fim do dia
depois de uma brancura surda
depois de tudo dizermos
o silêncio trará de novo
à casa
a opacidade
ou um adeus solene
que raspa a porta de ferrugem


Pedro Afonso
ainda aqui este lugar seguido de Boca Brusca
4 Águas Editora, Tavira 2008
Poesia 21
Parceria Biblioteca Municipal de Silves / Escola Secundária de Silves

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sexta-feira, julho 08, 2011

São oito anos a "blogar"



(Silves ao anoitecer)
(Se clicar na imagem terá acesso a uma cópia ampliada)

É verdade. Faz precisamente hoje, 8 de Julho, oito (8) anos que iniciei este blog.

Para o recordar convosco, fui catrapiscar um post de Agosto de 2003. Se o quiserdes conhecer ou recordar comigo, basta seguir este link (clique).

Saudações!

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segunda-feira, julho 04, 2011

Um poema a cada segunda-feira (XXXIII)



Quando das comemorações do Dia Mundial da Poesia, Paulo Pires, Técnico Superior da Biblioteca Municipal de Silves, compilou uma antologia que intitulou POESIA 21, porque se refere a 21 poetas e ao dia 21 de Março.
São trabalhos desses 21 poetas, gente que se vem afirmando no nosso mundo literário, que aqui estou a incluir desde a XX edição.



  • PASSAGEM DE ABDULLAH IBRAHIM

pela concha da orelha
pela membrana do tímpano
a melodia negra invade
o meu coração ímpio

não sei o nome da flor
que orna o cabelo dela
um distinto perfume flutua
no estio que o seu corpo exala

mas sejamos honestos isto não é
uma loa de al-Mu’tamid no séc. XI
em Silves num palácio de varandas
são talvez demasiadas cervejas

em copo de plástico
na Travessa da Espera


Miguel-Manso
Quando escreve descalça-se
Livraria Trama, Lisboa 2008
Contra a Manhã Burra, 2.ª ed.
Mariposa Azual, Lisboa 2009
Santo Subito
edição de autor, Lisboa 2010
Poesia 21
Parceria Biblioteca Municipal de Silves / Escola Secundária de Silves

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sábado, julho 02, 2011

Já lá vão sete (7) anos



Já lá vão sete anos sobre a hora a que Sophia nos deixou.



Era sobre a morte, tão suavemente sobre a morte, que ela escreveu:


  • QUANDO

    Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
    Continuará o jardim, o céu e o mar,
    E como hoje igualmente hão-de bailar
    As quatro estações à minha porta.

    Outros em Abril passarão no pomar
    Em que eu tantas vezes passei,
    Haverá longos poentes sobre o mar,
    Outros amarão as coisas que eu amei.

    Será o mesmo brilho, a mesma festa,
    Será o mesmo jardim à minha porta,
    E os cabelos doirados da floresta,
    Como se eu não estivesse morta.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Quinze Poetas Portugueses do Século XX
Seleção e prefácio de Gastão Cruz
Assírio & Alvim, Lisboa 2004

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