segunda-feira, maio 30, 2011

Um poema a cada segunda-feira (XXVIII)



Quando das comemorações do Dia Mundial da Poesia, Paulo Pires, Técnico Superior da Biblioteca Municipal de Silves, compilou uma antologia que intitulou POESIA 21, porque se refere a 21 poetas e ao dia 21 de Março.
São trabalhos desses 21 poetas, jovens que se vêm afirmando no nosso mundo literário, que aqui estou a incluir desde a XX edição.




  • VINTE ANOS E NADA

Tinha vinte anos e já não acreditava
em nada. É curioso, como se perde
num lance de dados todo o pecúlio
de vida que nos foi transmitido
com a sopa e o abecedário.
Vinte anos e não queria ver ninguém.
Entregava-se aos espelhos de vinil,
preferia a quase nada
o punção meditativo das canções.
Tentava equilibrar-se entre a razão
defeituosa e o friável sentimento
de ter vinte anos e não ter mais nada.


José Miguel Silva
O Sino de Areia
Gilgamesh, Porto 1999
Ulisses Já Não Mora Aqui
& Etc., Lisboa 2002
Vista para um Pátio seguido de Desordem
Relógio d’Água, Lisboa 2003
Movimentos no Escuro
Relógio d’Água, Lisboa 2005
Walkmen
& Etc., Lisboa 2007
Erros Individuais
Relógio d’Água, Lisboa 2010
Poesia 21
Parceria Biblioteca Municipal de Silves / Escola Secundária de Silves

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sábado, maio 28, 2011

Luces de Abiud



(se clicarem na foto acederão ao site do passeio)

Amanhã, logo bem cedinho, partirei para Zalamea la Real, pequena localidade da província de Huelva, em Espanha, para o passeio fotográfico que a ilustração acima se faz eco.

Conto trazer-vos fotos e, eventualmente, relatos do passeio.

Esta informação foi-me fornecida pela Associação 1/4 escuro, de Vila Real de Santo António.

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quinta-feira, maio 26, 2011

Ainda o Festival de Mértola...



...mas agora pelo olhar do responsável pelo blog Pedras com Memória   (com a devida vénia), já que não tive oportunidade de apreciar o mercado (suq) em pleno labor.



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segunda-feira, maio 23, 2011

Um poema a cada segunda.feira (XXVII)



Quando das comemorações do Dia Mundial da Poesia, Paulo Pires, Técnico Superior da Biblioteca Municipal de Silves, compilou uma antologia que intitulou POESIA 21, porque se refere a 21 poetas e ao dia 21 de Março.
São trabalhos desses 21 poetas, jovens que se vêm afirmando no nosso mundo literário, que aqui estou a incluir desde a XX edição.




  • CANÇÃO DE AMOR

Ensinei o meu pénis a dizer
o teu nome
. Só ele é capaz


de soletrá-lo de trás para a
frente e da frente para trás

indiferentemente

Só ele fala como falo


Jorge Sousa Braga
O Poeta Nu [poesia reunida]
Assírio & Alvim, Lisboa 2007
Poesia 21
Parceria Biblioteca Municipal de Silves / Escola Secundária de Silves

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sábado, maio 21, 2011

Mértola 2011 e o seu Festival



Estive em Mértola na passada quinta-feira, por ocasião do Festival Islâmico.

Habitualmente escolho ir nos primeiros dias do festival para evitar a grande aglomeração de pessoas no sábado ou no domingo. Gosto de apreciar as coisas com o meu vagar.

Este ano poderia até optar por quinta ou sexta, mas decidi-me pela quinta-feira de forma a poder participar na conferência - DIÁLOGO E CIDADANIA NO MEDITERRÂNEO - numa iniciativa da Fundação Anna Lindh.

Se assim o decidi, melhor o fiz, porque tive a oportunidade única de ouvir especialistas que, pela sua proximidade geográfica ao Norte de África, pelo conhecimento factual, pela observação e pelo estudo nos trouxeram profundas e inquietantes observações e análises sobre os recentes acontecimentos nessa zona do globo.



Permitam-me que destaque as intervenções que mais profundamente me tocaram, nomeadamente a de Antoine Messara, libanês, sociólogo e professor universitário, que se referiu particularmente ao nosso olhar europeu e às preocupações que isso nos suscita no que se refere às trocas comerciais, à emigração, às questões de segurança, ao impacto das mudanças naquela zona, berço de 3 religiões e com uma história comum que nos é contada de forma fragmentária, quando não mesmo ocultada, geradora de preconceitos quanto à capacidade daqueles povos para se democratizarem. Afirmou que nenhuma revolução provocou mudanças imediatas, antes um dinamismo que torna possível um processo de fecundação educacional e cultural, mas que a curto termo podem conduzir à emergência de novas tiranias.
Giovanna Tanzarella, de BabelMed, que afirmou que estes acontecimentos no Norte de África alteraram o nosso olhar. O falar de "mundo árabe" deixou de fazer sentido, porque nos confrontámos com a diversidade. A demografia foi a chave de grande mudanças e hoje a natalidade baixou irremediavelmente, com alterações de monta no seio da família tradicional, por via do filho que estudou e que provoca alguma quebra na autoridade do pai, com poucos ou nenhuns estudos; os casais com idênticas formações e desempenhos profissionais a alterar as relações de poder no seio da família e a planear o número de filhos. Movimentos de mutação cultural, circulação de informação, mobilidade dos intelectuais, novas temáticas na literatura e a dimensão cultural como via de mudança. Chamou a atenção para a urgência de uma outra atitude da Europa face à emigração e à alteração da atitude negocial dos europeus, que sentem ser, por proximidade, os primeiros interlocutores e que deviam ajudar a abrir a outra margem a outros povos e civilizações de outros continentes. Perder de certo modo uma atitude de contornos colonialistas ou paternalistas.

Jalel El Gharbi, tunisino, escritor, tradutor e professor universitário, teve a mais emotiva intervenção da tarde.
As imolações suces- sivas de jovens, pelo forte impacto emocio- nal que geraram, terão sido a razão que despoletou este  des- contentamento perante a perda de credibilidade do governo corrupto de ben Ali. Tornou-se um grito de desespero, numa das sociedades com mais elevado grau educativo de entre as que foram palco destes recentes acontecimentos. Não há volta a dar. Venha o que vier nada mais será como era na Tunísia dos nossos dias. Queremos as mudanças já. O que queremos não é contra os europeus, nem conta os americanos, nem contra Israel. O que queremos é o bem-estar económico e a paz. Estamos fartos de viver no seio da corrupção generalizada.

Citou um poeta local - Chebbi - cujas palavras foram o mote da rebelião:

"Quando um dia o povo exige a vida, é inevitável que o destino responda."

Pena foi que o conhecimento e a repercussão desta conferência e do debate que se seguiu tivessem ficado um pouco confinados aos que aqui estiveram presentes, dada a completa ausência de jornalistas em função de reportagem, embora na mesa estivesse Paulo Moura, correspondente do PÚBLICO na Tunísia, no Egipto e na Líbia e que aqui também deixou testemunho do que se viveu e vive naquela outra margem deste mar que nos separa e de que Mértola é o (seu) último porto - o Mediterrâneo.

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quarta-feira, maio 18, 2011

FESTIVAL ISLÂMICO DE MÉRTOLA




Está aí o Festival Islâmico de Mértola, com início amanhã (19).

Lá estarei para a conferência e debate a ter lugar no dia de abertura, pelas 15h00, no Auditório do Parque Natural do Vale do Guadiana - Diálogo e Cidadania no Mediterrâneo.

Interessados em saber mais sobre esta conferência podem clicar aqui.

Mais informações sobre o Festival, aqui.

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segunda-feira, maio 16, 2011

Um poema a cada segunda-feira (XXVI)



Quando das comemorações do Dia Mundial da Poesia, Paulo Pires, Técnico Superior da Biblioteca Municipal de Silves, compilou uma antologia que intitulou POESIA 21, porque se refere a 21 poetas e ao dia 21 de Março.
São trabalhos desses 21 poetas, jovens que se vêm afirmando no nosso mundo literário, que aqui estou a incluir desde a XX edição.




  • CARA

    dá-me o teu rosto         finge que é o meu
    dá-me o rosto         finge que não é agora
    dá-me o rosto         ama-me como quem mastiga
    dá-me o rosto sem expressão que eu faço o resto
    dá-me o rosto p’ra chorar por ti
            sangrar por ti
            queimar pestanas por ti
            e corar por ti
    dá-me o rosto     um qualquer     um     um
    aquele que não faz falta e que dás às viúvas nos funerais
    dá-me o rosto     o da manhã     túmido cansado do que vai ser a seguir
    dá-me o rosto que eu prometo que não o estrago
    dá-me o rosto que eu     que eu     que eu ponho-lhe creme hidratante
    dá-me o rosto que o meu sobra-me
    está gasto
    foi p’ra longe
    o meu não sei     acho que até o esqueci
    dá-me o rosto     aquele que já não vês       que eu prometo usá-lo como se [fosse meu

João Negreiros
luto lento
Papiro Editora, Porto 2008
o cheiro da sombra das flores
Papiro Editora, Porto 2009
a verdade dói e pode estar errada
Saída de Emergência, Parede 2010
Poesia 21
Parceria Biblioteca Municipal de Silves / Escola Secundária de Silves

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quarta-feira, maio 11, 2011

Conserva de calor



(Ao clicar sobre a foto pode aceder à sua ampliação)

São estes muros brancos, de cal, onde a luz e o calor se refletem, e a frescura e a sombra destas plantas, que tornam mais ameno o calor do Verão nestas terras do Sul.

É também no interior destes largos muros e no interior destas casas, de portas e janela fechadas, que se conserva o calor até ao Inverno que há-de chegar.

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segunda-feira, maio 09, 2011

Um poema a cada segunda-feira (XXV)



Até à vigésima edição desta rubrica, os autores aqui representados tinham uma relação próxima com o Algarve: os primeiros através do Movimento Poesia 61, os que se lhe seguiram porque naturais ou residentes nesta região. Sophia foi a exceção, mas todos sabemos da sua proximidade a estas terras do Sul.
Quando das comemorações do Dia Mundial da Poesia, Paulo Pires, Técnico Superior da Biblioteca Municipal de Silves, compilou uma antologia que intitulou POESIA 21, porque se refere a 21 poetas e ao dia 21 de Março.
São trabalhos desses 21 poetas, jovens que se vêm afirmando no nosso mundo literário, que aqui estou a incluir.

  • EM TODA A CASA

    pelas paredes cheira ainda à tua pele cutânea

    mas desde que te foste estar aqui é oco,
    cansativo, uma espera. E às vezes (como se
    tivéssemos chorado) respirar custa.

    sobretudo nada apetece.
    sair para a rua? Ir então em frente a repetir
    os passos, passear nas avenidas a espaçar as
    horas – dispersar a espera?

    tudo cinzento. Choverá?
    aqui é que não fico. No quarto onde dormimos
    o espaço sobra, e cada coisa já morreu ou está a mais.
    em toda a casa uma violência subterrânea:
    a tua ausência

João Habitualmente
Notícias do Pensamento Desconexo
Edições Mortas, Porto 2003
Os Animais Antigos
Objecto Cardíaco, Vila do Conde 2006
O Problema de Ser Norte
Deriva Editores, Porto 2008
De minha máquina com teu corpo, Cadernos do Campo
Alegre/14

Fundação Ciência e Desenvolvimento, Porto 2010
Poesia 21
Parceria Biblioteca Municipal de Silves / Escola Secundária de Silves

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sexta-feira, maio 06, 2011

Domingo próximo num mundo virtual



(Use a vista de ecrã inteiro, de entre os ícones acima)

 
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terça-feira, maio 03, 2011

A propósito do assassinato de Osama bin Laden




Melhor do que alguma vez eu o diria, o blog JUGULAR publicou uma análise de Paulo Pinto sobre o assassinato de Osama bin Laden.

Clicar no link acima, para aceder a esse blog, é a oportunidade para se confrontar com uma análise de rigor e clarividência, que o habilitará criticamente face às mensagens, imagens e toda a parafernália dos média, que durante os próximos dias invadirão os jornais, a televisão, a Internet... e as cabeças de biliões de pessoas por todo o mundo.

Clique, leia e ajude-se na formação da sua opinião.

Eu subscreveria o texto do Paulo Pinto.

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segunda-feira, maio 02, 2011

Um poema a cada segunda-feira (XXIV)



Até à vigésima edição desta rubrica, os autores aqui representados tinham uma relação próxima com o Algarve: os primeiros através do Movimento Poesia 61, os que se lhe seguiram porque naturais ou residentes nesta região. Sophia foi a exceção, mas todos sabemos da sua proximidade a estas terras do Sul.
Quando das comemorações do Dia Mundial da Poesia, Paulo Pires, Técnico Superior da Biblioteca Municipal de Silves, compilou uma antologia que intitulou POESIA 21, porque se refere a 21 poetas e ao dia 21 de Março.
São trabalhos desses 21 poetas, jovens que se vêm afirmando no nosso mundo literário, que aqui estou a incluir.

  • ODE LOUCA

    Todos os homens têm o seu rio.
    Lamentam-no sentados no interior das casas
    de interior e como o poeta que escreve a lápis
    apagam a memória com a sua água.
    Os rios abandonam os homens que envelhecem
    longe da infância, e eles choram
    o reflexo absurdo na distância.
    Por vezes, enlouquecem os rios, os homens,
    os poetas nas palavras repetidas
    que buscam uma ode que lhes diga
    a textura. Todos procuram o mesmo:
    um lugar de água mais limpa
    ou um espelho que não lhes negue
    a hipótese do reflexo.
    O rio sofre mais do que o homem,
    o poeta,
    porque dele se espera que nos devolva
    a imagem de tudo, menos de si próprio.
    Todos os rios têm o seu narciso,
    mas poucos, muito poucos,
    o simples reflexo das suas águas.

Filipa Leal
Talvez os Lírios Compreendam, Cadernos do Campo Alegre/8
Fundação Ciência e Desenvolvimento, Porto 2004
A Cidade Líquida e Outras Texturas
Deriva Editores, Porto 2006
O Problema de Ser Norte
Deriva Editores, Porto 2008
A Inexistência de Eva
Deriva Editores, Porto 2009
Poesia 21
Parceria Biblioteca Municipal de Silves / Escola Secundária de Silves

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