segunda-feira, janeiro 10, 2011

Um poema a casa segunda-feira (VIII)




Decidi-me por uma rubrica de poesia à segunda-feira, enquanto assim se mantiver este meu ânimo.


Irei aqui colocando poemas que o critério do momento vier a ditar.




  • NÃO SEI...

    Não sei. Falta-me um sentido, um tacto
    Para a vida, para o amor, para a glória...
    Para que serve qualquer história,
    Ou qualquer facto?

    Estou só, só como ninguém ainda esteve,
    Oco dentro de mim, sem depois nem antes.
    Parece que passam sem ver-me os instantes,
    Mas passam sem que o seu passo seja leve.

    Começo a ler, mas cansa-me o que inda não li.
    Quero pensar, mas dói-me o que irei concluir.
    O sonho pesa-me antes de o ter. Sentir
    É tudo uma coisa como qualquer coisa que já vi.

    Não ver nada, ser uma figura de romance,
    Sem vida, sem morte material, uma ideia,
    Qualquer coisa que nada tornasse útil ou feia,
    Uma sombra num chão irreal, um sonho num transe.
Álvaro de Campos
Obras Completas de Fernando Pessoa
POESIAS de Álvaro de Campos
Editorial Nova Ática, Lisboa 2006

Siga-me no twitter
e/ou
Divulgue esta página com um 

1 comentário:

hfm disse...

Sempre ele...