segunda-feira, novembro 22, 2010

Um poema a cada segunda-feira (I)




Terminada que está a divulgação dos Postais com poemas, publicados por ocasião da IV Bienal de Poesia de Silves, decidi manter à segunda-feira uma rubrica de poesia, enquanto assim se mantiver este meu ânimo.


Irei aqui colocando poemas que o critério do momento vier a ditar.


Abro com uma poetisa que foi participante ativa num movimento poético com origem em Faro e que marcou de forma indelével a poesia portuguesa da nossa contemporaneidade. Falo do movimento Poesia 61.

  • RITUAL
    a jarra tombou
    a água correu sobre a mesa

    as flores calaram-se aos poucos
    o espantalho tocou o acordeão

    a criança cansou-se do vento
    desatou as sandálias

    o mar meditou duas vezes
    qual o horizonte

    do sótão a galinha presa
    viu um avião voar

    uns quantos vestiram-se de negro
    viveram da morte dos outros

    suicidou-se uma sombra
    debaixo do meu pé

    A mulher calçou-se de branco
    para a ressurreição

    o país desbotou
    no mapa das escolas

    amor que esperas de mim
    a não ser eu
Luiza Neto Jorge
poesia
Assírio & Alvim, Lisboa 2001

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1 comentário:

luís ene disse...

uma boa ideia. uma boa escolha inicial.