terça-feira, janeiro 31, 2006

Ano Novo (مُحَرَم)

Ainda na sequência da Lua Nova de 29, uma outra civilização, a muçulmana, inicia o seu Ano Novo, o de 1427.
Momentos de perturbação e indefinição surgem neste início de ano nas martirizadas terras da Palestina.

Interroguei-me sobre este meu interesse e esta minha insistência nestas datas e acho que se trata da intenção de relativizar, de chamar a atenção para outras civilizações, outros mundos, bem diferentes, que coabitam connosco neste espaço chamado Terra.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Ano do Cão

Ontem aconteceu Lua Nova.
É na sequência dessa Lua Nova que tem início o Ano Novo chinês de 4643 - O Ano do Cão.

Hoje ainda, se bem que se trate de um acontecimento mais vulgar, relativamente a um Ano Novo, terá início, no canal 2: da RTP, pelas 23h00, uma nova série de televisão, saída dos estúdios da HBO (Home Box Office). Faz tempo que venho a seguir esta série através dos pequenos vídeos de apresentação dos episódios e, ansiosamente, aguardava que um dia chegasse a Portugal.
Aí está!
Vejam Rome Behind the scenes.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Mozart

Wolfgang Amadeus Mozart, nasceu a 27 de Janeiro de 1756.
Apesar das comemorações que agora decorrem se relacionarem com a data do seu nascimento, quero partilhar convosco um dos temas do seu Requiem, que, como certamente sabeis, foi composto para as suas próprias exéquias.
Dies Irae produz em mim um impacto dramático muito forte, particularmente nesta interpretação da Berliner Philharmoniker, sob a condução de Herbert von Karajan.
Que viva Mozart!


Wolfgang Amadeus Mozart
Requiem
Dies Irae

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quarta-feira, janeiro 25, 2006

A hipocrisia das ajudas internacionais

Mia Couto, na Revista Mais, editada em Maputo, colocou três questões aos seus leitores. Vou transcrever a terceira questão (via versão portuguesa do Courrier Internacional), não porque as outras duas sejam menos importantes, mas porque não pretendo transcrever todo o artigo:

    (...)
    A terceira questão é uma pergunta: o leitor sabe o que é o «dumping»? Pois eu não sabia. Aprendi o conceito quando seguia a intervenção da malawiana Irene Banda na referida reunião (da Organização Mundial do Comércio) em Hong Kong. Pois o «dumping» consiste na fixação de preços abaixo dos custos de produção para liquidar a competição. Isso está sendo feito, por exemplo, para o algodão. Os produtores de algodão de África enfrentam esta gigantesca imoralidade. Vamos ver como.

    Com uma primeira ressalva: ao falar de algodão não nos referimos a um produto. Falamos, sim, de 20 milhões de africanos que dependem da sua produção. Não é, como se pode ver, um assunto para economistas. O algodão é um bom exemplo de como as distorções comerciais e o tal «dumping» falsearam as normas do relacionamento entre os países.

    Os reflexos dessa injustiça mostram como podemos entender a chamada «ajuda» dos chamados «doadores». Em cinco anos, 25 mil produtores dos Estados Unidos, receberam 9,8 mil milhões de euros em subsídios. Ao mesmo tempo, devido a uma descida brutal dos preços internacionais do produto, mais de 10 milhões de agricultores africanos sofreram uma dramática queda de rendimentos. Em 2001, a ajuda financeira dos EUA ao Mali foi de 31 milhões de euros. O país perdeu por causa dessa política proteccionista cerca de 35,4 milhões de euros.
    (...)
    A conclusão pode ser apenas esta. Nós, pobres do Terceiro Mundo, pedimos aos ricos o seguinte: não nos dêem mais. Basta que não nos tirem mais.

    Mia Couto


Nigerian debt crisis
Action Aid


A Nigéria tem uma dívida internacional de 30 mil milhões de dólares. Os países ricos decidiram cancelar 18 mil milhões de dólares dessa dívida, caso a Nigéria pague os restantes 12 mil milhões. Desse dinheiro, o governo britânico iria receber 3 mil milhões de dólares, um valor que é duas vezes superior à totalidade do apoio que o Reino Unido concede, ao longo de um ano, a toda a África.


(clique)

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Misty

Estou em reflexão pós-eleitoral.

Bob Brookmeyer & Friends
Jazz Classics
Misty

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P.S.
A Sombra em sintonia, com o mesmo tema, Misty, mas na interpretação da fabulosa Sarah Vaughan.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Preservar a memória


Poço-Cisterna de Silves, em Arte Islâmica


A AEDPHCCS (Associação de Estudos e Defesa do Património Histórico-Cultural do Concelho de Silves), acaba de divulgar o seu último Boletim - O Mirante.
De entre os textos publicados resolvi efectuar uma resenha sumariada das referências à preocupante destruição do património histórico local, de importância nacional e mesmo internacional, assinadas por João Vasco Reis.

  • Povoação muçulmana da Portela de Messines
    - sítio arqueológico identificado por Estácio da Veiga no séc. XIX, de uma época que se estima entre os sécs. X e XII, um aglomerado populacional de grandes dimensões, não fortificado, e por onde passava uma importante estrada islâmica em direcção a Silves. Destruída pela Brisa quando da construção da A2 (Auto-Estrada do Sul).
  • Estrada romana às portas de Silves
    - restos de uma tradicional calçada romana, utilizada durante séculos, referida no Livro do Almoxarifado de Silves, do séc. XV, como caminho público que saía da ponte e seguia por S. Pedro em direcção a Estômbar. "Salvaguardada" sobre milhões de metros cúbicos de terra, na sequência da construção do novo acesso da EN 124 à Via do Infante.
  • Povoado islâmico do Morgado de Arge
    - alcaria, ocupada entre os sécs. VIII ou IX e XIII. Descoberta quando da construção da IC4 à via do Infante, a arqueologia revelou uma casa agrícola, com habitação, armazém, pátio e celeiros compostos por vários silos, além de muita cerâmica, utensílios de tecelagem e, curiosamente, uma enorme quantidade de restos de bivalves. Foram ainda identificadas escórias de fundição de minério e diversos instrumentos pré-históricos, a revelar um local habitado anteriormente à época muçulmana. Ao que tudo indica, a casa agrícola seria só uma das pontas de um povoado islâmico. Parte da alcaria não terá sido destruída, ficando protegida sob a terra.
  • Estação arqueológica da época romana, na Vila Fria
    - villa romana, classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1997, um dos mais importantes sítios arqueológicos do período romano no concelho de Silves, parcialmente destruída pelas obras de um campo de golfe do Grupo Pestana, em plena zona da Reserva Agrícola Nacional. A infracção foi detectada pelo IPA (Instituto Português de Arqueologia).
  • Bairro islâmico do séc. XII
    - bairro islâmico do séc. XII (ou XIII), revelado na sequência das obras de construção de um bloco de apartamentos, junto à Fábrica do Inglês. Descoberta de importância sem precedentes, nomeadamente pela área, maior que um campo de futebol, sendo a área de dispersão dos vestígios à superfície de cerca de 1800 m2, ocupando as estruturas construídas cerca de metade desta área. As ruínas, de um extenso conjunto habitacional muçulmano do arrabalde medieval da cidade, revelam casas cujas bases de parede são de arenito e calcário, apresentam pavimentos lajeados, muito bem conservados. É surpreendente o espólio que tem sido posto a descoberto, uma infinidade de cerâmica de uso doméstico, vidrada, artefactos ligados à tecelagem. Foi também identificada uma área de características industriais, com estruturas de um forno de cozer cerâmica, um poço ou nora e tanque. Trata-se de um achado único, com habitações completas, infra-estruturas industriais, hidráulicas e viárias. Único, de facto, em Portugal, como afirma o historiador João Vasco Reis, que assina o artigo. As escavações arqueológicas exigidas pelo IPA prosseguem, com vista a permitir a sua conservação, mas apenas por registo, em desenho e fotografia. As obras da construção do bloco de apartamentos avançarão então, pois não há qualquer impedimento legal, destruindo o bairro.

Assim, não se preserva a memória.
Os atentados são tantos e de tal calibre que nos arriscamos a ficar indiferentes, pelo hábito e pela impotência.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

18 de Janeiro de 1934


À esquerda, na foto, é possível identificar a fábrica Vilarinho & Sobrinho, uma das maiores unidades industriais do país à data do seu encerramento, em 1915.

Cumprem-se hoje 72 anos sobre o dia em que Silves acordou, em sobressalto, com o levantamento dos seus operários corticeiros, em luta contra a intromissão do Estado nos seus sindicatos de classe, na sequência da chegada de Salazar ao poder.
Aqui presto homenagem a todos os lutadores dessa jornada, nomeadamente a Abatino da Luz, António Estrela, António Teodoro, Joaquim dos Santos Caetano, Manuel Pessanha, Manuel Simão e Virgílio Barroso, silvenses condenados a 10, 11 e 12 anos de prisão.

Fátima Patriarca, em Sindicatos contra Salazar - A revolta de 18 de Janeiro de 1934, publicado em 2000 pela Imprensa de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa, dedica 35 páginas do seu trabalho aos acontecimentos de Silves, onde descreve uma greve generalizada, "...de cerca de 1000 operários...", que ainda se mantém activa, apesar de rigorosa vigilância policial, no dia 20 de Janeiro. A 25 de Janeiro, "... 23 empresários corticeiros chamam a atenção do Ministro do Interior... " e observam que "... as «ordens» do ministro, transmitidas pelo administrador do concelho, «originaram o encerramento de todas as fábricas por serem considerados incursos na lei contra a greve todos os operários desta cidade»".
Toda esta dolorosa situação durou 21 dias.
Conseguem imaginar cerca de 1000 operários de Silves e suas famílias sem auferir qualquer rendimento ao longo de 21 dias?

Sobre este período da história de Silves, além do livro que cito, acima, remeto-vos para um link que já aqui utilizei, num post anterior, de 24 de Novembro de 2004, sob o título A cidade corticeira, e que aqui volto a colocar ao serviço dos interessados - Da Alvorada do Século ao Estado Novo - de João Madeira, Mestre em História do séc. XX. Deste mesmo autor pode ainda encontrar o texto Os Corticeiros de Silves e o Movimento Social, no Catálogo do Museu da Cortiça da Fábrica do Inglês.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Património natural

Oliveira milenar, propriedade de Manuel Ramos - Silves

O Saco dos Desabafos, de Manuel Ramos, revelava ontem a foto de uma soberba oliveira, milenar, mais velha do que o nosso velho Portugal e até eventualmente anterior à presença muçulmana.

Comentava eu aqui, outro dia, a propósito da Lenda das Amendoeiras e remetia para uma entrada anterior onde, além de lamentar o seu quase desaparecimento, apelava ao plantio de algumas amendoeiras na encosta norte da alcáçova do castelo de Silves, património que são desta cidade, por via dessa lenda, tão comummente atribuída a esta minha terra.

Aqui está hoje este exemplar de oliveira, que ainda se mantém de pé, resistindo ao tempo e impondo-se à curta e ingrata memória dos homens.
Felizmente tem merecido dos seus proprietários, ao longo dos anos, o carinho que se reflecte no orgulho com que Manuel Ramos se refere à sua OLIVEIRA.
Bem hajas, meu amigo!

segunda-feira, janeiro 16, 2006

"I have a dream..."

O Google lembra hoje Martin Luther King (Saiba mais sobre este lutador exemplar pela causa dos direitos cívicos; clique acima, no logótipo do Google).

Ainda hoje é necessário estar alerta sobre os direitos cívicos, particularmente no que se refere à sua aplicação, numa sociedade onde a reprodução social continua a manter pobres os filhos dos pobres, apesar das excepções.

sábado, janeiro 14, 2006

Bach to Africa

Recuperei o álbum Lambarena - Bach to Africa, um projecto que se desenvolveu em torno da figura de Albert Schweitzer e do Hospital de Lambaréné, no Gabão, que ainda hoje é referência inultrapassável no combate à lepra e doenças tropicais.

Para os que quiserem conhecer melhor o trabalho e o projecto deste médico em África e, eventualmente, contribuir com um donativo para a obra que ainda hoje se mantém, deixo este link de referência (basta clicar no sublinhado atrás).

Quando conheci este álbum, faz algum tempo, ouvi-o vezes sem conta. Agora que o recuperei, gostava de partilhá-lo convosco. Faço-o hoje porque o tempo marca o aniversário do nascimento de Albert Schweitzer (14 de Janeiro de 1875).

O tema que vos trago, Mamoudo..., tem por base o Prelude #14, BWV.883, de Johann Sebastian Bach. Aliás, todo o projecto de Lambarena se desenvolve em torno de Bach, compositor preferido de Albert Schweitzer.

Não percam estes sons, que se alternam entre a vivacidade dos intérpretes africanos, as suas vozes e os seus instrumentos tradicionais, e o nostálgico piano. Emociono-me sempre no momento da belíssima fusão daquele instrumento de origem europeia com a percussão dos instrumentos oriundos de África, antes do retorno à alternância e ao tom mais orquestral, a terminar. Estou convencido de que vos ireis emocionar também.

Johann Sebastian Bach
Lambarena - Bach to Africa
Mamoudo...

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P.S.
Em resposta ao "meu" Lambarena - Bach to Africa, o Rui, mais a Norte, respondeu-me com o sublime Mozart in Egypt. (basta clicar)

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Um Conto (XX)

  • Por coisa de tão pouca monta renunciar-se, assim?!

    Vi-o, sentado num dos bancos da álea da avenida sobre o rio.

    Observei-o, absorto no airoso e conjugado voo de um bando de gaivotas, nas repentinas inflexões de rumo dos cardumes das jovens tainhas, no divertido e dinâmico deslizar dos patos em fila indiana, no súbito e inesperado esvoaçar de uma garça, no fluxo regular da maré, na enchente, arrastando consigo uma qualquer embalagem vazia.

    Passei por ele, cumprimentando-o, sem resposta. Voltei a passar, vagaroso, obstruindo-lhe a paisagem. Olhou-me, mas no espelho do seu olhar só avistei a sua ausência.

    Disse-me o Diogo que há mais de três semanas que a vida daquele homem tem esta aparência vegetativa: comer, dormir e ficar-se, desta maneira. Disse-me também que há pouco mais de um mês este mesmo homem lhe confidenciara a sua profunda desilusão com a situação que se vive no país e no mundo e lhe afirmara não confiar mais na humanidade.

    O Diogo não entendia:
              - «Por coisa de tão pouca monta renunciar-se, assim?!»


quarta-feira, janeiro 11, 2006

'idu al-Adha (عيدالاضى)

Natal de 2006, © António Baeta Oliveira

No mundo islâmico comemorou-se a festa a que se atribui a designação em título.
Sei que o seu significado religioso tem a ver com a peregrinação a Meca, mas não sei, com exactidão, o que se comemora.
Sei, contudo, que há muitos séculos atrás, nesta mesma cidade onde vivo, gente que aqui me precedeu se reunia, nesta mesma data (do seu calendário lunar (móvel), entre família e amigos, em torno da mesa, como há pouco fizemos muitos de nós por ocasião de uma outra festa que me escuso de nomear, pela evidência, e também porque o seu sentido religioso se vai diluindo aos poucos no meio de simbologias que nos são estranhas, mais próximas da publicidade comercial do que do significado que a sua designação sugere.

P.S.
Amanhã, no Local & Blogal, é dia de um novo conto; o 20º.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Retrato com vidro embaciado

  • Retrato com vidro embaciado

    Talvez um resto de palavras se apague
    no cinzeiro do tempo: o que me disseste,
    em tardes sem fim, e o murmúrio que sobra
    da noite. Mas isso é o menos: só
    importa esta imagem sem aparência visível,
    este corpo sem espessura nem rosto,
    esta taça sem o vinho de uma libação,
    - os dons indesejados que a vida acumula,
    como um leito de rio quando seca,
    ou o olhar que trocamos, por acaso,
    numa coincidência de espelho.

Nuno Júdice
Um canto na espessura do tempo (1992)
Poesia Reunida (1967-2000)
Dom Quixote, Lisboa, 2000

P.S.
Há mais, de Nuno Júdice, ao fundo da página.

sábado, janeiro 07, 2006

Bob Dylan

Capa do album Freewheelin' Bob Dylan

O Zé, meu irmão, comemora hoje o seu aniversário.
Ele revelou a música de Bob Dylan, no início dos anos 60, junto de todos com quem se relacionava e através dela despertou muitas consciências para a realidade que se vivia nessa época. Presto-lhe aqui a minha homenagem.
A dificuldade em compreender o que dizia Bob, na sua pronúncia tão marcada, e o difícil acesso, nesse tempo, aos seus poemas, só dava para entender uma frase aqui outra acolá. O meu irmão costumava dizer que não sabia muito ao certo o que dizia Bob, mas sabia, isso sim, que aquilo tinha a ver consigo. Mais tarde, quando acedeu aos poemas, pôde comprovar que tinha razão.
Recordo com saudade o velho álbum Freewheelin' Bob Dylan, que ficou à minha guarda durante o seu exílio. Devolvi-lho, com o maior prazer, quando regressou depois do 25 de Abril.
Foi desse álbum que retirei o tema que aqui vos trago hoje. Escolhi Oxford Town por ser uma pequena composição, de cerca de 1m 50s, e faço notar que mesmo nesses tempos em que se desconhecia com exactidão o que dizia Bob, era-nos possível identificar o retrato de uma sociedade violenta e dividida pelo segregacionismo racista.

Deixo-vos o poema e a música:

  • Oxford Town

    Oxford town, Oxford town
    Everybody's got their heads bowed down
    Sun don't shine above the ground
    Ain't a-goin' down to Oxford town

    He went down to Oxford town
    Guns and clubs followed him down
    Just because his face was brown
    Better get away from Oxford town

    Oxford town around the bend
    He went to the door, he couldn't get in
    All because of the colour of his skin
    What do you think about that my friend?

    Me, my gal and my gal's son
    We got met with a tear gas bomb
    Don't even know why we come
    We're goin' back where we come from

    Oxford town in the afternoon
    Everybody's singin' a sorrowful tune
    Two men died 'neath the Mississippi moon
    Somebody better investigate soon

Bob Dylan
Freewheelin' Bob Dylan
Oxford Town

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quinta-feira, janeiro 05, 2006

Uma das muitas Lendas das Amendoeiras

O Diário de Notícias de ontem, a propósito de um passeio pela zona histórica de Lisboa, comentado pelo historiador Miguel Aguiar, sob a designação de O sexo (a política) e a cidade, publicou um artigo de Ana Pago, no qual, a determinada altura, se refere a Silves e à Lenda das Amendoeiras.

Transcrevo esse trecho e deixo-vos o link de acesso ao texto original.

  • (...)
    E acaba a falar de Silves e da lenda das amendoeiras em flor.
    "Tudo aconteceu quando o Algarve era reinado por Ibne Almundim, poderoso entre os poderosos reis mouros." Mas não imune à paixão. "Um dia, num grupo de prisioneiros de batalha, ele viu-a pela primeira vez Gilda, a princesa loura de olhos azuis, a Bela do Norte que desposou e libertou." E, todavia, ela definhava um pouco mais todos os dias, com saudades da neve que deixara para trás. "Ibne Almundim percebeu que acabaria por perder Gilda e plantou no reino centenas de amendoeiras, que, na Primavera, rebentavam em flores brancas que substituíam a neve das terras nórdicas", conta o historiador. "E viveram felizes para sempre."
    (...)


P.S.
Não posso deixar de me referir a um outro post que há algum tempo aqui deixei sobre a Lenda das Amendoeiras. (basta clicar)

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Evocação de Silves (II)

Do famoso poema de Al-Mu'tamid são conhecidas variadas versões.
aqui publiquei uma delas e quero hoje dar-vos a conhecer um excerto de uma outra, de Rocha Júnior sobre a tradução de Magdalena Fuentes do livro Historia de los Musulmanes de España, de Reniero-Pedro Dozy - Barcelona. Consta da Colectânea ALGARVE todo o mar, publicada pela Dom Quixote, Lisboa 2005.

  • Evocação de Silves

    Dá saudades a Silves e pergunta-lhe,
    Ó meu caro Abu Bekr, se esses montes,
    Esses lugares impressos na minha alma,
    Estampas vivas dos meus sonhos jovens,
    Se recordam de mim. E diz ainda
    A esse inolvidável Charadjib,
    Ao soberbo palácio cujas salas,
    Sempre cheias de moços e beldades,
    Davam exacta ideia de uma cova
    De cálidos leões ou de um harém,
    Diz-lhe que longe - e longe só da vista
    Mas não do coração - vegeta um homem,
    Um exilado do seu ninho afável,
    Ardendo em ânsias de tornar a vê-lo! (...)

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Temos que fazer por nos entendermos

Orquestra do Algarve, Setembro 2005, Lagoa, © António Baeta Oliveira

Apesar das diferenças, porque somos diferentes, temos que fazer por nos entendermos.
São os meus votos para 2006.

  • Ni yo tampoco entiendo

    ... De este mundo los dos
    sabemos poco. Y sin embargo, estamos
    aqui obligatoriamente obligados
    a entenderlo.

Rafael Ballesteros
Aguaviva
Poetas andaluces de ahora
Ariola, 1989


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